O voto de cabresto
era utilizado pelos coronéis que coagiam seus agregados e trabalhadores a votarem no candidato por eles apoiados. O voto desses trabalhadores era fiscalizado por capangas, mantendo o curral
eleitoral sob pena de severas punições.
Estamos no século
XXI, começou a campanha eleitoral 2016.
Observamos que à luz do dia, como era no
passado, nesta cidade de Itambacuri, o sistema tradicional de controle de poder
político através do abuso de autoridade, da utilização da máquina pública e dos
“capangas” de plantão nas redes sociais controlam as curtidas, as postagens e
fazem as cobranças do voto.
Aqui, há várias
modalidades de cobrança: cobra o voto pela consulta realizada, pelo transporte
ofertado e até pelo cargo ou emprego que a pessoa ocupa ou ocupou.
Quanto aos cargos
cobrados? São Cargos públicos! Ou seja: Utilizam da máquina pública para suas
campanhas, mantendo a característica do coronelismo.
Quem nunca ouviu
dizer que prefeitos mandavam recados e hoje manda mensagem para alguns
funcionários intimando-os a irem a comícios e passeatas?
Quem nunca ouviu
dizer que funcionários de um determinado hospital eram obrigados a empunhar
bandeira em mãos e participar de passeatas?
Quem não sabe que para provar e medir força política cobram, coagem, ainda que de forma velada, eleitores e conhecidos para irem em suas convenções, carreatas, reuniões públicas e passeatas para dar aparência de local lotado?Com isso, lideranças
políticas transformam alguns empregos ou cargos em um balcão de negócios
eleitoreiros.
Esperam os políticos
que as pessoas tenham gratidão a eles e devam obrigações.
Mas o que é
gratidão?
Gratidão é um reconhecimento
de uma pessoa por ALGUÉM que lhe prestou um benefício, um auxílio, um favor.
Gratidão diz
respeito a pessoas que faz o bem sem exigir nada em troca. Para haver gratidão não pode existir interesse. Gratidão não é troca de favores.
Quando uma pessoa
exerce um serviço público (ou não) ela não recebeu um benefício. Ela prestou um
exercício no desempenho de suas funções. Ela trabalhou... o município, a
empresa ou alguém se beneficiou do seu suor e ela recebeu vencimentos dos COFRES PÚBLICOS. No serviço público não há gratidão porque há uma
contrapartida.
Gratidão é memória do coração por uma ação ou benefício recebido.
Gratidão é diferente de dívida.
Para muitos de Itambacuri
entender isso não é fácil, porque aqui não se respeita a democracia.
Aqui se cobra muito em dobro, em triplo... Recebe do SUS pela consulta e quer receber do cidadão o voto. Recebe dos cofres públicos por ser administrador e quer receber do povo o voto por ter cumprido a obrigação de administrar.
É por isso que aqui os mesmos grupos se revezam no poder e não há discussão política de outros prováveis candidatos.
Ainda hoje, cabos
eleitorais e partidários políticos (capangas) enchem os comícios e reuniões públicas com
intimidações e cobranças. Continuam controlando servidores públicos e exigindo
sua manifestação em comícios para garantir número de pessoas. Ordenam que curta
a mensagem postada no facebook, exigem que comente um post de candidatos ou que
publique algo.
Além disso, há aqueles
acordos para remanejar funcionários efetivos que sabem que não apoiam a
campanha do seu candidato. Ou aquela dispensa de servidores públicos porque
conversou com o político do outro partido. Ou alguém não se lembra da dispensa
das servidores do PSF que nitidamente tinha cunho eleitoreiro e da perseguição
sofrida por muitos funcionários no pleito passado?
Deste modo, se não
tem mais como fraudar as urnas como antigamente, a ausência de políticas
públicas e a falta de projetos de geração de emprego e renda fazem com que os
políticos daqui reduzam alguns eleitores e seus familiares pouco esclarecidos porque sabem da necessidade de
uma consulta, por causa de um emprego ou outras situações.
Explicitamente
políticos e seus apoiadores influenciam pela mídia e por outros meios de
comunicação a eleição. Inclusive agredindo e atacando aqueles que não
manifestam apoio ao seu grupo.
Exemplo disso foi
uma publicação postada no facebook, por "Vitor Marques" que dizia que esta blogueira tentou ser vice
de Vicente e não conseguiu, trabalhou na secretaria de assistência social e questionou: agora cospe no prato que comeu???
Esta pessoa que
fez esta publicação não entende que nem todos que trabalham ou
trabalharam no serviço público são pessoas desconhecedoras de seu direito e por
isso nem todos aceitam ser controladas como massa de amassar e animal a ser
guiado.
Esta pessoa que por sinal deu publicidade da sua extrema ignorância ao desconsiderar o Estado Democrático de Direito, ao demonstrar falta de visão política e ao mostrar-se desconhecedor da legislação eleitoral não entende que apesar do
mecanismo recorrente de cobrar compromisso eleitoreiro, ainda há nesta cidade, aquelas pessoas que votam por amor à democracia e não se deixam intimidar pelas perseguições e armadilhas eleitoreiras.
Vale neste ponto lembrar que antes de dizer que alguém cuspiu no prato que comeu é preciso analisar se o tempero do prato não subiu drasticamente de nível. Isto porque, quando o tempero causa indigestão é porque a comida encontra-se perdida ou o conteúdo gástrico precisa ser expulso em razão de algo em excesso. Em qualquer destes casos, a pessoa tem o direito de cuspir no prato que comeu. Sem culpa! Evitando assim um mal maior.
Ora! Pior do quem cospe no prato que comeu é quem comeu, está regogitando e engolindo o que lhe é servido, por não ter coragem ou condições de ir à luta e melhorar o tempero.
Por conclusão,
para a pessoa que se dispõe a ser cabo eleitoral, a defender uma bandeira e se
sentir cidadão pleno ele precisa ser politizado, conhecer dos direitos e
deveres dos eleitores e candidatos. Conhecer o passado de quem se propõe a apoiar.
Saber distinguir público de privado. Caso contrário, ele tenta ir pela via da
manipulação querendo colocar “arreio” em terceiros, oprimindo, atacando
adversários ou quem não se manifesta a seu favor.
Nós,povo de Itambacuri precisamos eliminar qualquer espécie de "cabresto".
Deixo uma
sugestão: A atividade política exige leitura. Leitura das normas de um processo
eleitoral, leitura histórica dos fatos, leitura de literaturas jurídicas. Se
desejar, pode se valer de outros livros. Particularmente, gosto dos livros: a-
“Improbidade administrativa e crimes de prefeitos” do autor Waldo Fazzio
Junior. b- “Cidadania Ativa” da autora Maria Victoria Benevides. c-“Educação E
Cidadania: Quem Educa O Cidadão?” dos autores: Ester Buffa, Miguel Arroyo, Paolo Nosella.
Além disso, há tantos outros que nos abre os
olhos para a defesa do serviço público e a defesa da democracia.
Lembremos, pois!
Imagens: fonte -internet.
POR ISSO QUE DETESTO POLÍTICA.PRA MIM QUEM SE ENVOLVE COM POLÍTICA É COMO ENTRAR NA LAMA LITERALMENTE.SO EXERÇO O VOTO PORQUE INFELIZMENTE SOMOS OBRIGADOS.E TEM MAIS, ONDE ENTRAR POLÍTICA NÃO TEM HONESTIDADE.
ResponderExcluir